Na chuvosa capital da Argentina, Alma sai de casa e vai morar em seu carro. O início do filme é tenso, pois é marcado pela tristeza e angústia no olhar da personagem. Isso faz com que o espectador se recolha na poltrona do cinema até descobrir o que faz aquela mulher dentro de seu veículo. Sua alma parece perdida, vagando sem rumo pelas ruas caóticas do centro de Buenos Aires.
Talvez cigarro, hambúrguer e música a confortem, mas tudo começa a ficar ainda mais intenso quando um homem desconhecido e sangrando adentra seu carro. Ambos ficam tensos com a situação e talvez o telespectador ache que Roberto quer lhe fazer algum mal. No entanto, ele só quer um pouco de paz no carro da argentina. Ambos trocam poucas palavras, mas a relação acaba se aproximando de um modo surreal. Mesmo sem conhece-lo, Alma vai atrás do espanhol Roberto em seu hotel.
De volta ao país após 30 anos e mesmo por um curto período, Roberto e Alma estreitam relações e revelam um ao outro o porquê de suas angústias. O espanhol, pai de família, revela que voltou ao país para ver seu pai que está em coma. Ele diz que ambos nunca se relacionaram muito bem e que na noite em que entrou desesperado no carro de Alma precisou esvaziar o apartamento no qual seu pai viveu. Depois de muito esconder, Alma, casada há 9 anos, conta que chegando um dia em casa, percebeu que não amava mais o marido e que, logo em seguida seu carro foi assaltado. Sem chão, decidiu viver no automóvel.
A partir daí, o espectador finalmente relaxa na poltrona e a nuvem de questionamentos dissipa em sua cabeça. Não é nenhum espanto o relacionamento entre os dois em uma noite fria e tempestuosa dentro do carro. Mas não vá esperando que Roberto largue sua vida na Espanha para ficar com Alma. Ela não sabia para onde ir e ele não sabia de onde vinha, mas parece que esse desencontro deu certo. Medos, dúvidas e angústias se foram. Buenos Aires clareou e a vida que segue.
Chuva (Lluvia)
de Paula Hérnandez. Argentina, 2008. 110 min.