Olá, sou bisneta de italianos por parte de pai. Para conseguir realizar minha cidadania italiana, precisei fazer uma busca por histórias e documentos sobre essa parte da minha família, a Giardino. Todas as fontes dos textos exibidos nesta página são públicas e foram coletadas nos sites Memória Biblioteca Nacional, Biblioteca Digital TSE e Justiça do Brasil. Você também pode acessar o site FamilySearch para ver a árvore geneológica completa.
Informações sobre a família Giardino
Ciro Giardino (31/12/1885 – 26/06/1938)
Ciro Giardino (meu bisavô), nasceu em 31 de dezembro de 1885, em Nápoles, na Itália. O nome de seu pai era Domingos Giardino e de sua mãe Rosária de Martino (nome de solteira) e, quando casou com Domingos, passou a se chamar Rosária Giardino.
Ciro chegou ao Brasil em 11 de novembro de 1900, porém, não há documentos sobre sua chegada ao país. No Rio de Janeiro, passou a trabalhar como “linotypista” em jornais impressos.
Ciro Giardino morreu aos 53 anos, em 26 de junho de 1938, em decorrência de uma sinusite. Ele foi sepultado no Cemitério São João Batista, localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele deixou 11 filhos e a viúva Luiza Giardino.
Texto:
“- Faleceu ante-hontem nesta capital, o sr. Cyro Giardino, velho auxiliar da imprensa. O extincto militou, por longos annos em varios jornais e revistas. Deixa viúva d. Luiza Giardino, onze filhos e tres netos”.
Fonte: Memória Biblioteca Nacional
Jornal Correio da Manhã (RJ), 28 de junho de 1938
Os filhos de Ciro Giardino e Luiza Giardino
Achilles Giardino (13/03/1919 – ?)
Texto:
“8.896. Achilles Giardino (9.020), filho de Syro Giardino e de Luiza Fenicio, nascido a 13 de março de 191, no Estado de São Paulo, capital, alfaiate, solteiro, com domicílio eleitoral no districto municipal de Sacramento e residente á rua Buenos Aires numero 109, sobrado. (Qualificação requerida, numero n. 8.097, 3ª zona).”
Boletim Eleitoral, Estados Unidos do Brasil, Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro, 18 de maio de 1937
Fonte: Biblioteca Digital TSE
Diário Oficial, em São Paulo, 10 de fevereiro de 1977, página 48
Fonte: Justiça do Brasil
Alberto Giardino
Texto:
“VENDIA BILHETES DE LOTERIAS DOS ESTADOS
Foi preso
Alberto Giardino, morador á rua Senador Dantas n. 95, negociava, na rua D. Manoel, em frente á Caixa Economica, quatro bilhetes inteiros de loterias estaduaes. Eis quando o fiscal Alvaro Guttemberg, da Loteria Federal, o prende, levando-o, com o auxilio do soldado n. 131, da 2º companhia do 3º batalhão da Policia Militar, á presença do delegado Linneu Cotta, do 5º districto.
A Autoridade penalisou-se da situação de Alberto Giardino, mas, em face do art. 367 da Consolidação das Leis Penaes, combinado com o art. 1º do decreto 24.368, de 9 de junho de 1935, que prohibe a venda de loterias dos Estados do Rio, mandou lavrar flagrante contra o vendedor de bilhetes. A policia enviou Alberto Giardino para a Casa de Detenção.”
Miguel Bruno Giardino
Texto:
“MENOR ATROPELADO
Ao passar pela rua da Constituição, esquina da avenida Gomes Freire, o automóvel n. 1.738, cujo “chauffeur” fugiu, atropellou o menor Miguel Giardino, de 4 annos de edade, branco, brasileiro, filho de Cyro Giardino e de Luiza Giardino, moradores á rua José Mauricio n. 45.
O menor foi socorrido pela Assistencia. A polícia do 5º districto soube do facto.”
Olga Renata Giardino (11/07/1925 – 26/11/2010)
Olga Renata Giardino nasceu em 11 de julho de 1925 em São Paulo. Casou-se com o jornalista Armando Edgar Pacheco, mais conhecido como Armando Pacheco, e passou a adotar o nome Olga Renata Pacheco. Morreu em 26 de novembro de 2010, deixando três filhos: Armando Pacheco Filho, Fernanda Pacheco e Carol Pacheco.
Rosária Giardino (24/06/1905 – 16/06/1986)
Texto:
“Rosária Giardino, 80, traumatismo craniano. em casa, no Centro. Paulista, viúva do jornalista Piududo dos Santos.”
Fonte: Jornal do Brasil, 16 de junho de 1986
Texto:
“Crime sem solução
O sr. Chico Anisio, em entrevista aos jornais, disse que a nossa polícia é brilhante, pois em 26 horas colocou na cadeia os assaltantes que invadiram sua casa. O sr. Benoliel, pai da moça Denise, também agradeceu e elogiou a polícia. Acho muito justo tais elogios pois não é para menos, quando vimos que nos dois casos batalhões de policiais trabalharam no caso, e até helicópteros foram usados nas buscas.
Infelizmente, neu eu nem minha família podemos dizer o mesmo da nossa polícia. Há dois meses, minha irmã foi barbaramente assassinada em seu apartamento no Centro da cidade, ficando de uma sexta-feira até sábado, quando fomos encontrá-la, amordaçada, manietada e o crânio arrebentado a marteladas. Roubaram e reviraram tudo. A polícia chegou, a perícia, fotografaram e foram embora. A perícia demorou 10 minutos. O martelo usado nem foi tocado, apesar de estar sujo de sangue. Nestes dois meses, não foi feito absolutamente nada em relação a este caso.
Demos todas as pistas, documentos e um retrato que o possível ladrão largou lá com pressa, mas nada disso adiantou. Meu irmão vai quase diariamente à delegacia da Av. Mem de Sá, em frente ao IML, e os policiais mentem descaradamente, que estão fazendo e acontecendo. Não somos ilustres. Nosso sobrenome é Giardino. Não somos ricos, mas brasileiros honestos e trabalhadores que pagamos em dia tudo o que o estado nos cobra. E o mínimo que esperamos da nossa polícia é que prendam estes bandidos. O quadro que vimos, eu e meus irmãos, não nos sai da cabeça. Temos medo de sair, de ficar em casa. Estamos apavorados, deprimidos, sofrendo muito. Esperamos que alguém venha em nosso socorro. Renata Giardino – Rio de Janeiro.”
Vicente Giardino
Texto:
“Assalto relâmpago ao meio dia
Não há muito as autoridades gauchas, através de ofício endereçado à Polícia carioca, comunicaram um audacioso roubo levado a efeito no centro da capital riograndense numa joalheria, em plena luz do dia. O fato passou-se, segundo rezava o ofício e A NOITE noticiou em despacho da sua sucursal em Porto Alegre da seguinte maneira: a Joalheria Contreias, estabelecida à rua Marechal Floriano n.º 35, um dos mais importantes estabelecimentos dali, como sempre acontecia, fechara para o almoço dos seus empregados, às 13 horas, devendo reabrir às 14. Ao regresso perceberam que a casa havia sido audaciosamente assaltada e que copiosa soma de jóias, no valor aproximado de 100.000 cruzeiros, havia sido levada pelos larápios.
(CONTINUA NA 3ª PÁGINA)“
Confira cada trecho da matéria
Texto:
“Assalto relâmpago ao meio dia
CONTINUAÇÃO DA PRIMEIRA PÁGINA
O fato foi largamente divulgado pela imprensa local, tendo o Sr. Renato de Souza, delegado especial de Atentados contra a Propriedade, da Polícia riograndense, tomado a seu cargo as diligências, quando então foi feita a comunicação às autoridades cariocas.
Desse entendimento e do trabalho desenvolvido pelos investigadores da Secção de Furtos e Roubos da D. G. I., sob a chfia do Sr. Joaquim Antunes, resultou a identificação e consecutiva prisão de um dos ladrões, sendo que a identificação foi feita por uma mala enfiada por Miguel Giardino e seu irmão Vicente, implicado no caso.
Quando haviam sido identificados os culpados o Sr. Joaquim Antunes enviou para S. Paulo os investigadores Nagib e Costa Braga que detiveram ali, residindo à rua Vieira de Carvalho n.º 134, um dos acusados – José de Souza, com 21 anos, solteiro, ladrão já conhecido da Polícia carioca, como “descuidista” e que atende pelo vulgo de “Zézinho”.”
Texto:
“O segredo dos corações femininos…
A reportagem de A NOITE soube de todos os detalhes do caso presente, contados cinicamente pelo próprio “Zézinho”, com quem nos defrontamos na Polícia Central, presentes o Sr. Joaquim Antunes, os investigadores que o prenderam e o Sr. Renato de Souza que tendo sido informado de sua prisão se transportou para esta capital.
Muito jovem, elegantemente trajado, metido num terno de tropical azul claro, irrepreensível, “Zezinho” nos contou as suas façanhas como ladrão, declarando em princípio que nos últimos quinze anos jamais a audácia de um meliante levara a bom termo empresa de igual natureza na capital gaucha… Tem o gosto das belas coisas, diz, e como não pode consegui-las com os proventos da sua profissão – tipógrafo – rouba o dinheiro que lhas dá. Na ocasião em que surpreendido pelos investigadores cariocas que o foram buscar em São Paulo, “Zezinho” se encontrava num elegante apartamento de 1.800 cruzeiros de aluguel mensal na rua Vitri n.º 744, apartamento n.º 101, ladeado por duas lindas mulheres que lhe ajudavam a escrever uma carta para sua mãe. As duas mulheres – Elza, uma loura, e Lygia, uma morena baiana, de olhos brejeiros – choraram quando se inteiraram do que lhe acontecia. E o caso é que os policiais cariocas se viram em dificuldades para se desembaraçarem delas que queriam, a viva força, fazê-los embarcar num avião da carreira em lugar do trem da Central… No guarda roupa havia nada menos do que vinte e dois ternos novos e elegantes.”
As suas maneiras, diz “Zezinho”, o seu gosto apurado pelas belas coisas foi que lhe pós a calva à mostra do segredo dos corações femininos… Foi por isso que as mulheres com que se encontrara, sabedoras das suas dificuldades, quiseram amenizá-las pagando-lhe a passagem de avião…
Das informações que pudemos colher na polícia, todavia, ressalta que o autor mental do assalto é o conhecido ladrão Vicente Giardino, residente nesta capital, no Largo do Catumbi n.º 19. Vicente é, há já alguns anos, um ladrão na segunda fase, isto é, um meliante que vive dos proventos dos roubos e furtos de “pivetes”, a quem instrue. Na sua maioria os ladrões desse tipo se acovardaram interiormente diante de um obstáculo sério e passaram, então, a empregar menores para roubar em seu proveito. “Zezinho” é uma das suas vítimas. Ele o encontrou, há anos, em sérias dificuldades de vida e empresou-o para roubar para si, depois de alimentá-lo e vesti-lo convenientemente. “Zezinho” desde logo se revelou um prestigiador de primeira ordem: Escamoteava com uma agilidade assombrosa qualquer objeto que lhe ficasse ao alcance das mãos. Agia de preferência em salões de barbeiros e em cinemas.
Vicente Giardino que é também conhecido pelo vulgo “Bombeiro”, em São Paulo, é solteiro e conta atualmente cerca de 35 anos.
Apenas dos esforços da Polícia, “Bombeiro” percebeu que estava sendo perseguido e conseguiu, por enquanto, por-se a salvo.
O assalto – Apreendidas quase todas as jóias
“Zézinho” reproduziu para A NOITE todas as fases do assalto levado a efeito com Giardino em Porto Alegre. Haviam, disse, seguido, ele e o cúmplice, para a capital gaúcha, em viagem de turismo… Alí, todavia, em consequência da vida que levavam e como não procurassem trabalho, o dinheiro cedo acabou. Conta adiante que passando pela porta da joalheria percebeu a sua vitrina coruscante de jóias e teve desejos de possuí-las todas. Combinou um plano com o companheiro depois de perceber que o estabelecimento fechava para o almoço ao meio dia, só vindo reabrir às 14 horas. Ao meio dia, após a saída de todos os empregados, penetraram no telhado do sobrado, retiraram uma clarabóia e depois uma táboa do forro da casa, que é de construção antiga.
Penetraram na oficina da joalheria e dali, retirando uma táboa do soalho passaram para o térreo. Quando pisaram na loja, o carrilhão de um dos muitos relógios que havia ali, os advertiu que eram 13 horas e meia, lembrando-lhes que às 14 o pessoal voltaria. Assim, no curto espaço de um quarto de hora, recolheram todas as jóias que havia na vitrine e sairam para a rua, tendo o cuidado de repor no seu lugar a clarabóia que haviam deslocado. Prosseguiu contando que dali seguiram para São Paulo, de onde vieram, em avião, para esta capital, tendo retornado dias depois, novamente para a capital paulista.
Em prosseguimento contou “Zézinho” que seu companheiro, como sempre acontecia, o esbulhou. Ficara com todas as jóias, algumas das quais valiosíssimas e de valor intrínseco de 80.000 cruzeiros, o que já foram quase todas apreendidas, dando-lhe somente a importância de 6.000 cruzeiros. Parte desse dinheiro, conta ainda, perdeu-o à mesa do “bacarat” nos cassinos de Santos, e gastou-p nos “cabarets” com mulheres.
Preso um intrujão – Vai ser encaminhado a Porto Alegre
As autoridades policiais nas diligências levadas a efeito para apurar o caso detiveram o cirurgião-dentista Bichara Chedid Maluf, que não exerce a profissão e sim vive dos proventos que lhe dão a venda de jóias em mercado clandestino. A maior parte das jóias foi vendida a Maluf que admitiu sua culpa, tendo sido preso e é conservado em custódia pela polícia.
O delegado gaucho Renato de Souza regressará dentro de breve para Porto Alegre, levando em sua companhia o ladrão preso e, se possível, Vicente Giardino, o “Bombeiro”, que está sendo ativamente procurado pela polícia e que se espera será preso a qualquer momento.
Os proprietários da Joalheria Contreiras, de Porto Alegre, esclareceram para a polícia que o valor comercial das jóias roubadas que se encontravam todas nas vitrinas do estabelecimento, adicionado à importância em dinheiro de 1.200 cruzeiros que os meliantes retiraram de uma gaveta, somava quantia superior a 100.000 cruzeiros.
Ficou também esclarecido que os ladrões não haviam conseguido abrir o cofre forte do estabelecimento, com o que os prejuízos subiriam a muito mais.”
Texto:
“Atendendo a que o sentenciado Vicente Giardino, já cumpriu mais de 2 anos da pena de 6 anos e 6 meses de reclusão a que foi condenado, como incurso no grau submáximo do art. 155, alínea 1, do Código Penal, por sentença do Juiz de Direito da Comarca de Pôrto Alegre, confirmada pelo Tribunal de Apelação do Estado do Rio Grande do Sul, a referida pena para 5 anos.”
Página 7 da Seção 1 do Diário Oficial da União (DOU) de 3 de Dezembro de 1945
Fonte: Diário Oficial da União