Preconceituoso. Esta é a palavra-chave para o longa “Olhos Azuis” dirigido por José Joffily. O preconceito não está nos olhos do chefe da imigração do Aeroporto JFK e sim do próprio americano em querer ser o dono da verdade, dono da razão.
Fique atento ao começo do filme, pois mostra apenas trechos, que a princípio, podem parecer sem nexo, já que o desenrolar da história começa mesmo na sala da imigração, onde Marshall (David Rasche), chefe da imigração do Aeroporto JFK, comemora seu último dia de trabalho. Ele, além de alcóolatra, é o responsável por barrar estrangeiros que “sonham com o paraíso americano”. Mal sabe os viajantes, que entrarão em um inferno.
O longa só começa a ficar interessante quando ele vem ao Brasil dois anos após sua aposentadoria, precisamente em Recife, atrás de uma menina chamada Luiza. No entanto, acaba encontrando com Bia (Cristina Lago), uma prostituta, que por sinal fala muito bem inglês, e que acaba sendo seu anjo da guarda – já que o machão “descobre” que está com um tumor.
Ora NY, ora Recife, ora Petrolina: é assim que a trama de “Olhos Azuis” se desenrola. A medida em que Marshall e seus subordinados se divertem complicando a entrada no país de vários latino-americanos, o filme fica mais tenso e o telespectador tem vontade de socar e falar “algumas verdades” para tal personagem.
Dentre os imigrantes, há dois poetas argentinos, uma bailarina cubana, um grupo de lutadores hondurenhos e Nonato (Irandhir Santos), um brasileiro radicado nos EUA. Em clima de alta tensão, Marshall cria situações cada vez mais constrangedoras, até provocar um duelo entre ele e o brasileiro. A partir daí, já é possível descobrir quem é Luiza e porque Marshall foi atrás dela.
O remorso de ter falado coisas tão horríveis para o brasileiro “olhos negros”, além de ter visto a morte de perto, fez com que o americano abondonasse seu país, atravessasse o Nordeste brasileiro, cruzasse o sertão até encontrar a bela região do rio São Francisco. Tudo isso para pedir perdão à família de Nonato e com a ajuda de Bia – que tem uma atuação brilhante ao encontrar seu avô no serão.
Se antes de assistir o filme você gostava dos Estados Unidos, após vê-lo, terá um novo olhar sobre como a América Latina é vista pelos yankees. Com certeza comunistas e socialistas falarão: “eu bem que avisei para não pisarem lá!”. Além de preconceituoso, o filme mostra claramente a ignorância da sociedade americana.
O thriller “Olhos Azuis”, grande vencedor do II Festival Paulínia de Cinema com seis prêmios, incluindo o de Melhor Filme, tem sua estreia nacional dia 28 de maio.